É preciso calar,
porque em silêncio respiramos melhor,
o diafragma está livre e ondula,
brânquias secas por fora,
mas que engoliram o mar
A respiração assim não amarra veias,
não arruína enredos,
não condena desfechos,
garante mais uma cena,
outras centenas delas,
e, dependendo do ritmo,
abafa o terror da trincheira
a mudez deixa todos os golpes
abaixo das bordas do cardume,
da pontaria dos bicos,
mandíbulas, dos dentes
Não ditos, o baque, a ruptura, o tapa
são nossos, só nossos, não ferem
– armadas se esquecem na rocha.
(De Alberto Bresciani, em Fundamentos de Ventilação e Apneia, publicado pela Editora Patuá)
Eis um livro repleto de poesias que tiram o nosso fôlego – aquele das superfícies -, e concedem-nos o ar renovado na profundidade de pensar sobre o que somos.
