líquido desfaz-se e busca a solidez na solidão eterna de um momento líquido – Barman ou Bauman? – Ambos, por favor!
há pontas há ondulações há mágicos atritos que arranham e acariciam
líquido seco que o caos acalma que a calma tinge de guerra com a cor do sangue sem a dor da alma
a língua adormece aos poucos entrega-se à morte do mundo que não vive língua morta de uma mente viva que nunca dorme que nunca morre que sangra na taça
Onde está a realidade? Não, ela não está aqui lacrada nesta caixa.
Sou o tal gato vivo-morto, superposição quântica. Velada, indefinida, estou morta e estou viva. Ao observador sou tudo e nada.
Não abra a caixa!
O tempo? Ora, o tempo… Não o tenho aqui, agora. Também não está lá fora. Não o entendo. Ele fixa, mas não é fixo. Contínuo, é peremptório. Muda e registra, Faz muda e mata, é branco e marca. Mancha e limpa, sua marcha é limpa. Ainda assim, a nódoa fica.
Não, não abra a caixa!
Cicatrizes invencíveis, as piores se mostram e revelam o que só a morte cessa. Depois dele, do tempo, depois de muito dele, vejo que não é o tempo, mas os vermes, que apagam as cicatrizes, iguarias que o tempo serve aos vermes. Elas vivem além de você, eles não sobrevivem ao tempo. Sim, os vermes. O tempo os devora com seus estigmas corroídos.
Não abra a caixa!
Engane-se por um tempo. Não faz mal. Ao tempo mal nenhum se faz.
Que as palavras me saibam e me suguem a morfologia, que me cuspam fluida, tornem letras os fluidos, e sangrem o meu conteúdo.
Que esse vício me quebre me esfacele inteira e me reconstrua fractal ou alfabeto imortal com dez trilhões de letras em vez das células mortas de um futuro decomposto
Que eu seja substantiva simples, concreta e viva nas palavras compostas abstraídas ou justapostas a meu gosto