Sobrevida submersa,
sem resgate, sem futuro.
Falso tempo é o que resta.
Neste mar, sou náufraga
em metáforas sem rumo.
Pensamentos expulso,
escusos.
Sentimentos em conchas resgato.
Do abismo profundo,
obscuro,
emerge nau
de universo impuro.
Sulca o velho mar o corpo,
salgam antigas lágrimas a alma.
Para aquela nau não há porto,
para este espírito não há calma,
senão a do horizonte
morto.
Sinto a seiva do sal que me salva,
sorvo a paz que substitui a vida.
Ao negro abissal desfaço-me,
sou água
em metáforas perdida.
(Sandra Boveto)
