Pode ser que seja um tempo sagrado
Agora vem pelo sol a conversão desses abismos. Mas é recomendável remendos emergenciais nas visões esgaçadas da pálpebra de acreditar. Pelo que nos integra na palavra dentro da vida. Estamos aqui. Na tragédia temos remédios imprevisíveis para o medo aberto à inauguração dos astros. Destroncamos monstros no corpo dos horóscopos se eles nos espreitam de fora do destino. Alheios. Joelhos e platina. Tino. Miram-nos de miragens milenares sobre os destroços das flores planetárias a recompor nossos ossos nunca antes recolhidos dos campos de concentrar suores e tremores. Se demoramos de louvores, é porque não sabíamos subverter a íris perfurada na respiração das cores por existir. Pintura aérea. Aura celeste. Arco. Há colares de ar aqui. Eles circulam entre as perguntas afiadas nas gargantas. Quantas paisagens desavisadas deslocam retinas para o linguajar do espanto? Dilatamos as sequelas. Enleamos uma a uma no manto das súplicas. Quanto pranto emprestamos para socorrer a luz. Prevê-la. Preservá-la nos glóbulos, nas fábulas e córneas para a doação. Retiramo-nos de nós mesmos para a constatação do óbvio. Do hábito na contramão da órbita frágil de antes desses vândalos do que devota. Que não nos restem mais gotas de sangue, só o sândalo sobre o pêndulo que nem sempre volta. E o sol a solto. Nos convoca.
(Patrícia Claudine Hoffmann)
