Soneto do Zebedeu

O meu poema incompleto
Nasceu de nego de gueto
Semi nu e analfabeto
Mandado num papo reto.
Cheio de lixo e dejeto
Ressurrecto e profano

Ao qual se diz vá de retro
De tão horrendo ou humano.
O literato acadêmico
Falou que não era bom
Por usar tema polêmico
Chamado de anjo urbano.
E sair fora de tom.

Mas foi levado na lábia
O meu poema bufão
Com uma ginga mais sábia
Que a própria laia do cão
Subiu dez mãos pela saia
Bateu tapas no balcão
Armou uma maracutaia
Sequestrou seu coração.

E vai tão cheio de si
O meu poema ladrão
Acima do tititi
Debaixo do ribeirão
Da asa do bem-te-vi
Ao olho do furacão.

Assinado por decreto
Com seu novo dialeto
Que é quase anjo dileto
Embora se diga ateu
O meu poema incorreto
Que não se rendeu ao seu
Palavra pobre de preto
Soneto do Zebedeu.

(Anjos urbanos)
@Direitos reservados

Fonte da imagem: página Anjos Urbanos

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